Não há como curar a preocupação, diz Elisha Goldstein. Mas podemos aprender a ser melhores em reconhecê-la e nos guiar suavemente de volta ao que é importante.
Todos nós ouvimos o ditado de que na vida há altos e baixos e há o clássico ditado oriental de que a vida é cheia de 10.000 alegrias e 10.000 tristezas. Com isso, há sabedoria de que todas as coisas vêm e vão, mas o cérebro tem um jeito engraçado de ampliar as tristezas e minimizar as alegrias por boas razões evolutivas. Sempre que o cérebro percebe algo como “ruim”, ele começa a se preocupar com isso. Mas muitas vezes não há utilidade real para a preocupação, só serve para cavar-nos em um buraco mais profundo e nos cega para as alegrias que podem estar esperando ao virar a esquina.
“Se preocupar não impede que as coisas ruins aconteçam, só te impede de aproveitar as coisas boas.”
5 passos para se preocupar menos
Não há realmente nenhuma maneira de curar as preocupações, mas podemos aprender a ser cada vez melhores em reconhecê-las e nos guiar suavemente de volta ao senso de perspectiva e ao que importa.
- Suavize sua compreensão de preocupação
A utilidade da preocupação é tentar antecipar e evitar quaisquer perigos potenciais e nos manter seguros. É o cérebro tentando nos proteger e, assim, a preocupação certamente tem seu lugar e tempo. Mas, muitas vezes, preocupar-se apenas serve para elevar nosso sistema nervoso e nos levar a um estado desequilibrado que só leva a mais preocupações. O cérebro tem boas intenções, mas nos leva a um ciclo vicioso destrutivo.
- Permita e aceite o sentimento de medo
Preocupar-se geralmente desperta a sensação de medo ou ansiedade. Neste passo consciente, estamos simplesmente reconhecendo que esse sentimento está aqui. Chamando isso. Queremos fazer o oposto de resistir, porque o que resistimos persiste. Então, ao invés disso, praticamos, permitindo que o sentimento seja como é. Aqui você está apenas dizendo para si mesmo: “permitindo, permitindo, permitindo”.
- Sinta-se preocupado com bondade
Agora temos a oportunidade de aprofundar nossa consciência e investigar o sentimento. Aqui você pode escolher colocar sua mão em seu coração ou onde quer que você sinta a sensação em seu corpo. Este é um modo de sinalizar ao cérebro uma sensação de amor ou bondade ao sentimento, que pode mudar tudo por si só. O cérebro também tem que mapear a sensação do toque e é inversamente correlacionado com a ruminação mental, diminuindo o volume do pensamento negativo.
Tente esta prática simples:
- Quando você se sente preocupado, pode perguntar: “Em que esse sentimento acredita?” Será que você acredita que você “não é amado, não é digno”, ou talvez, se você permitir, isso vai consumir você.
- Faça a pergunta: o que esse sentimento precisa agora? Precisa sentir-se cuidado, sentir-se seguro, sentir-se presente?
- Seja qual for à resposta, veja se você pode plantar essas sementes em si mesmo. Por exemplo, você pode plantar as sementes da intenção dizendo: “Que eu me sinta seguro e protegido, que eu esteja livre desse medo, que eu possa sentir um sentimento de pertencer”. Torne isso pessoal para quaisquer que sejam suas necessidades.
- Expanda sua consciência para incluir todas as pessoas
Seja qual for à preocupação, é importante que você saiba que não está sozinho. Sentir-se vulnerável faz parte da condição humana e milhões de pessoas lutam com a mesma fonte de vulnerabilidade que você experimenta. Mas quando nos sentimos vulneráveis com ansiedade, muitas vezes é tudo sobre nós, precisamos também impersonalizar a experiência e sair de nós mesmos.
Você pode fazer isso imaginando todas as outras pessoas que se debatem se preocupando e desejando a elas todas as mesmas intenções que você mesmo desejou.
Por exemplo, todos nós podemos sentir uma sensação de segurança e proteção, que todos nós possamos estar livres do medo que nos mantém em um ciclo perpétuo de preocupação, que todos nós possamos sentir essa sensação de pertencimento, etc.
- Repita as etapas de um a quatro quantas vezes forem necessárias
Se você perceber, as etapas de um a quatro soletram o acrônimo SAFE (salvo em inglês) para que você possa lembrar facilmente o que é, e para que serve. Enquanto você intencionalmente pratica isso repetidas vezes, com o tempo você notará que você começa a se tornar menos reativo à mente preocupada, mais compassivo consigo mesmo à medida que surge, e até mesmo tem a perspectiva de que essa preocupação é parte da condição humana e você está não sozinho.
Quando conseguimos diminuir o volume de preocupação em nossas vidas, o que estará lá? Para muitas pessoas, é uma sensação de espaço, facilidade e alegria.
Artigo original de Elisha Goldstein, em 18 de abril de 2019, na Mindful.org. Traduzido por Liz Ghellere para o Consciência Plena. Distribuído livremente em língua portuguesa com caráter informativo e educacional.