Mindfulness ou Escitalopram para estabilizar o humor, em caso de Ansiedade. Uma questão de escolha pessoal e profissional? Vamos ver o que este Ensaio Clínico Randomizado, publicado em novembro de 2022 tem a nos sugerir.
IMPORTÂNCIA
Os transtornos de ansiedade são condições comuns, altamente angustiantes e incapacitantes. Existem tratamentos eficazes, mas muitos pacientes não os acessam ou não respondem a eles. Intervenções baseadas em mindfulness, como redução de estresse baseada em mindfulness (MBSR) são populares e podem diminuir a ansiedade, mas não se sabe como eles se comparam ao padrão tratamentos de primeira linha.
OBJETIVO
Determinar se o MBSR não é inferior ao escitalopram, um tratamento psicofarmacológico de primeira linha para transtornos de ansiedade.
PROJETO, LOCAL E PARTICIPANTES
Este ensaio clínico randomizado (tratamentos para ansiedade: Meditation and Escitalopram [TAME]) incluiu um projeto de não inferioridade com uma margem pré-especificada de não inferioridade. Os pacientes foram recrutados entre junho de 2018 e fevereiro de 2020.
As avaliações dos resultados foram realizadas por um entrevistador clínico cego no início do estudo, na semana 8 ao final do protocolo de MBSR e visitas de acompanhamento em 12 e 24 semanas. De 430 indivíduos avaliados para inclusão, 276 adultos com transtorno de ansiedade diagnosticado de 3 centros médicos acadêmicos urbanos nos EUA foram recrutados para o teste e 208 completaram o teste.
INTERVENÇÕES
Os participantes foram randomizados 1:1 para 8 semanas do curso semanal de MBSR
ou o antidepressivo escitalopram, com dosagem flexível de 10 a 20 mg.
PRINCIPAIS RESULTADOS E MEDIDAS
O desfecho primário foram os níveis de ansiedade avaliados com a Escala de Impressão Clínica Global de Severidade (CGI-S), com uma margem de não inferioridade de -0,495 pontos.
RESULTADOS
A amostra primária de não inferioridade consistiu de 208 pacientes (102 em MBSR
e 106 no escitalopram), com idade média (DP) de 33 (13) anos; 156 participantes (75%) foram mulheres; 32 participantes (15%) eram afro-americanos, 41 (20%) eram asiáticos, 18 (9%) eram hispânicos/latinos, 122 (59%) eram brancos e 13 (6%) eram de outra raça ou etnia
(incluindo nativo americano ou nativo do Alasca, mais de uma raça ou outra, consolidada
devido a números baixos). A média basal (SD) da pontuação CGI-S foi de 4,44 (0,79) para o grupo MBSR e 4,51 (0,78) para o grupo escitalopram na amostra por protocolo e 4,49 (0,77) vs 4,54 (0,83), respectivamente, na amostra randomizada. No ponto final, a pontuação média (DP) do CGI-S foi reduzido em 1,35 (1,06) para MBSR e 1,43 (1,17) para escitalopram. A diferença entre grupos foi -0,07 (0,16; 95% Cl, -0,38 a 0,23; P = 0,65), onde o limite inferior do
intervalo caiu dentro da margem de não inferioridade predefinida de -0,495, indicando não inferioridade do MBSR em comparação com escitalopram. Análises secundárias de intenção de tratar usando dados imputados também mostrou a não inferioridade do MBSR em comparação com o escitalopram com base no melhora na pontuação CGI-S. Dos pacientes que iniciaram o tratamento, 10 (8%) desistiram do grupo escitalopram e nenhum do grupo MBSR devido a eventos adversos. Pelo menos 1 evento adverso relacionado ao estudo ocorreu em 110 participantes randomizados para escitalopram (78,6%) e 21 participantes randomizados para MBSR (15,4%).
CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA
Os resultados deste ensaio clínico randomizado comparando uma intervenção baseada em mindfulness padronizada com farmacoterapia para o tratamento de transtornos de ansiedade descobriu que o MBSR não é inferior ao escitalopram.
REFERÊNCIA
Hoge, Elizabeth A. et al – JAMA Psychiatry, Volume 80 (1) – Nov 9, 2022